COP30 entra na reta final sob pressão global por justiça climática e mudanças estruturais. Membros da comissão política fazem pressão durante abertura oficial

Foto: Cúpula dos Povos/Sandra Rocha
As negociações da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30) atingiram seu ponto decisivo em Belém, com a abertura do Segmento de Alto Nível e a chegada de ministros. Representantes da Cúpula dos Povos agora atuam dentro do espaço oficial para fazer valer a declaração aprovada pelos movimentos e organizações. Na abertura, Maureen Santos e Rud Rafael, da Fase e MTST, respectivamente, entregaram a camisa da Cúpula para o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, como forma de visibilizar ainda mais a luta.
Se fora da COP, no espaço autônomo da Cúpula dos Povos, houve a forte pressão das ruas, dentro da Conferência, o momento é marcado por apelos urgentes para que os países avancem de forma concreta e pela pressão histórica de movimentos sociais exige que os resultados priorizem a justiça popular e enfrentem as causas sistêmicas da crise.
Apelo por ações imediatas e fim das obstruções
O segmento de Alto Nível foi iniciado com um claro chamado à responsabilidade. O secretário-executivo da ONU para Mudança Climática, Simon Stiell, enfatizou a profunda consciência dos negociadores sobre o que está em jogo. Ele foi taxativo ao alertar que "não há tempo a perder com atrasos táticos ou obstruções", solicitando que as questões mais complexas fossem resolvidas sem postergação.
A presidente da Assembleia Geral da ONU, Annalena Baerbock, reforçou que o dinheiro necessário para a ação climática existe, mas precisa ser redirecionado. Ela destacou que, no último ano, nações em desenvolvimento desembolsaram cerca de US$ 1,4 trilhão no serviço da dívida externa, um montante que poderia ser vitalmente aplicado em mitigação, resiliência e energia limpa. Isso reforça o apelo para o cancelamento da dívida dos países em desenvolvimento.
Transição da negociação para a implementação
O Brasil, como país anfitrião e presidente da COP30, defendeu que o evento inicie uma nova fase global: a transição de um regime de negociação para um regime de implementação. O vice-presidente Geraldo Alckmin ressaltou o foco em cumprir as metas estabelecidas.
Nesse contexto, ele destacou o "Compromisso de Belém", que tem como meta quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, iniciativa que já conta com a adesão de 25 nações. O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, informou que a agenda de negociações será estendida, incluindo sessões noturnas, para finalizar dois pacotes de decisões essenciais.
CÚPULA DOS POVOS: Pressão democrática por justiça
Fora dos muros da conferência oficial, a Cúpula dos Povos — considerada a maior já realizada, com mais de 25 mil participantes e uma marcha que reuniu mais de 70 mil pessoas — formalizou suas demandas.
Uma declaração popular, resultado de quatro dias de debates, foi entregue a líderes brasileiros, incluindo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente da COP30, André Corrêa do Lago.
Maureen Santos afirmou que o evento demonstrou um exemplo de democracia e multilateralismo, dando visibilidade aos grupos mais impactados pela crise, que também são os que trazem as alternativas.
As principais exigências populares incluem financiamento sem dívida, preocupação com a forma como o financiamento climático está sendo discutido, alertando para o risco de gerar novas "dívidas ecológicas" para o Sul Global; transição justa ampliada com a necessidade de expandir o debate sobre transição justa, para além de apenas energias renováveis, incorporando temas cruciais como soberania alimentar, direitos territoriais e condições de trabalho.









